quinta-feira, 4 de março de 2010

O dia depois de amanhã.

Era um dia como outro qualquer até que recebi um convite de uma amiga para que juntamente com outros amigos fossemos a um congresso do curso de Biologia para presenciar um experimento que iria acontecer na Faculdade em que ela estudava. Aceitamos todos. E o lugar onde seria o congresso tinha a devida descrição: Era num lugar bem afastado do centro urbano onde eu morava, com o único acesso passando por uma floresta um tanto vasta e para chegar até o pátio principal você deveria passar por um brejo de água suja, onde essa água chega até seus tornozelos, e esse brejo circunda todo o pátio que dá para as salas, um tanto que interessante.

Ao chegarmos ficamos um bom tempo conversando e então soou em alto e bom som nos megafones do pátio um alerta para que todos se encaminhassem para o lado norte da floresta em bandos porque o experimento se iniciaria. E se por acaso eu não mencionei, minha amiga Yasmin era um tanto como aluna prodígio da unidade e assim que ela afirmou que iria, uma enorme quantidade de pessoas a acompanhou. Guilherme perguntou se eu iria e eu disse que não, pois eu não era daquela unidade, besteira minha porque todos foram e eu fiquei somente na companhia de duas faxineiras e um professor que ninguém dava ouvidos no vasto pátio.

O tal professor veio na minha direção e me disse que eu não deveria estar naquele lugar, pois a humanidade estava comprometida e eu deveria achar uma maneira de reagir contra aquele grande perigo, quando eu iria pergunta o por que daquela argumentação todos nós vimos uma pessoa de terno se aproximando ao longe juntamente com uma fila de pessoas que estavam quase a se arrastar, mas que não dava para notar detalhes de suas aparências físicas e se postaram a um passo do brejo, não o atravessaram. As faxineiras se candidataram a averiguar aquilo e foram conversar com o homem de terno, não voltaram. Eu não agüentando mais os olhares furtivos do professor maluco que não tomava nenhuma atitude fui atrás das faxineiras para obter respostas.

Quando cheguei perto das pessoas da fila levei um susto, outra descrição: As pessoas estavam vestidas com aquelas camisolas que nos fornecem em hospitais, mas eles estavam tão suados que as camisolas estavam grudadas ao seu corpo, eles estavam muito mas muito brancos e a cor de suas peles tinham uma textura azulada, alguns mais azulados que outros e em determinadas regiões da pele tinham roxos e vergões e nos orifícios dos rostos tinham rastros de sangue que aparentemente haviam secado, ou seja, uma assustadora visão!

Até que uma das faxineiras interrompeu a péssima visão que eu tinha gritando para que eu fosse embora para o mais longe possível que todos lá inclusive elas estavam contaminados. Saí correndo, desacionei o alarme do meu carro, entrei e travei as portas; antes de sair senti alguém batendo no meu vidro e era o homem de terno no qual havia visto chegar alguns minutos antes, ele tinha a pele num tom azul celeste e tiro um papel do bolso, era uma carta, e posicionou no meu vidro de uma forma que eu pudesse ler perfeitamente e estava escrita na seguinte forma:

‘Olá, eu sou o Dr. Himmel, e se você estiver lendo essa carta quer dizer que infelizmente eu fui contaminado. Eu passei anos a fio da minha vida buscando uma cura para um vírus que esteve até então adormecido, ele sofreu várias mutações e está se alastrando de uma forma terrivelmente rápida. Trouxe alguns dos meus testes para cá na tentativa de impedir que aqueles débeis exterminassem os contaminados dessa região, que estavam devidamente encubados, mostrando-lhes experimentalmente a cura apartir da vacina que elaborei. Eles acham que exterminando estarão assim vencendo essa batalha biológica, não sendo verdade, pois esse vírus diminui as energias basais do corpo humano mas ao mesmo tempo lhes dando uma imunidade incomparavelmente grande, eles passam a se comporta como ‘zumbis’ diminuindo as suas atividades vitais. Eu me dei a liberdade de abrir seu carro e colocar no seu porta - luvas uma dose da vacina com as instruções, antes de ir mude sua senha de entrada, aplique a vacina e busque resultados positivos. Espero que tenha mais sorte que eu.

Atenciosamente, Dr. Himmel ‘

Assustada com o que havia acabado de ler olhei para o Doutor e vi um rastro de sangue logo abaixo do seu nariz, mudei a senha de entrada do meu carro, dei partida e fui embora. O problema é que não peguei a estrada principal acabei pegando um desvio por causa do desespero e acabei rodando horas e horas no meio do nada. Quando avistei a primeira cidadezinha pela frente, procurei o primeiro Posto para abastecer porque com o que eu tinha só dava para rodar mais 10 km. Ao estacionar, o frentista com um péssimo humor disse-me que eu não era bem vinda e que eu tinha que partir, expliquei do que eu precisava e ele nem deu ouvidos. Numa atitude precipitada abri o porta-luvas e peguei a vacina e fiquei com ela na palma da minha mão porque pensei em aplicá-la. O frentista aumentou ainda mais o tom de voz e disse que todos na cidade precisavam da vacina por a alergia tinha se espalhado por lá, tentei argumentar falando que só tinha aquela dose, mas ele fez foi chamar os que estavam por perto pra tenta me retira a força do carro.

Eles podiam ficar o dia todo lá que não conseguiriam destravar minhas portas e no tempo que fiquei no carro pensei e propus a todos ali o seguinte acordo: eu trocaria a vacina pelo meu tanque cheio e instruções precisas para chegar ao centro da cidade que eu procurava, eles aceitaram e a troca foi feita.

Quando dirigia transtornada com a minha possível contaminação olhei para meu banco do passageiro e percebi um recado amassado em cima dele, encostei o carro e fui ler:

‘Ola, é o Dr. Himmel novamente e após ter aplicado essa dose vá até meu laboratório que está situado na Faculdade de Medicina Experimental no centro da cidade na Rua Da Boa Esperança, quadra:16 lote: 28, ICB – 3 segundo andar, e pegue as dosagem de vacinas que precisar, lembrando que o soro de fabricação é o sangue da pessoa que estiver se restabelecendo da virose e na terceira gaveta do meu criado está meu Diário com mais informações, prossiga obtendo êxitos!’

Espero estar mesmo com tanta sorte assim e ajudar a por um ponto final nisso tudo.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

The Last Dance

Como parece até maravilhoso, estávamos no meio do salão num típico fim de festa de domingo. Dançávamos abraçados, mas o detalhe é que nunca havíamos nos beijado; estávamos naquele incrível chove e não molha há exatos dois meses. O mais engraçado de adiar o prazer é isso, evitar ao máximo pra quando acontecer ser inevitavelmente fulminante. Nem nos olhávamos nos olhos, eu estava abraçada com ele e como ele é muito maior do que eu, ficava apenas sentido sua colônia estando entrelaçada com meus braços ao dele.
Até que sem notar, senti minha mão ser puxada para trás por um homem louro cabeludo de mais ou menos um metro e meio de altura, eu também sou alta e olhei o homenzinho literalmente de cima pra baixo. Parecia estranho mais eu me deixei levar, ele me puxou para baixo e tirou um frasquinho amarelo de esmalte do bolso. Tinha uma expressão bastante tranquila e ao abrir o frasco percebi que não tinha cheiro de esmalte e sim um cheiro putrefaço de carne mal passada.
Ele molhou bem o pincel e foi passando no meu dedo mindinho que inicialmente ganhou um tom vermelho sangue, depois foi ficando preto até ralear e ficar transparente. O mais interessante é que nem eu e nem o meu parceiro de dança estávamos preocupados, nos deixamos levar pela situação. Quando o homenzinho terminou sua tarefa ele finalmente me encarou nos olhos, me senti profundamente incomodada até que começamos a nos encarar e a nos levantarmos juntos, eu puxei a minha mão e senti ao mesmo tempo uma tontura seguida de falta de ar, meu parceiro se assustou e perguntou se estava tudo bem e nos demos conta que o homenzinho se fora.
Meu companheiro continuou me encarando esperando outra reação, mas eu não me sentia incomodada com a situação que havia acontecido, só senti uma enorme vontade de beija-lo e foi o que aconteceu. O mais interessante é que eu não conseguia o sentir; eu apenas sentia a minha saliva, os meus movimentos pré-moldados com a língua dentro da sua boca, sentia a minha respiração, as minhas mesmas unhas que haviam sido pintadas pelo sangue azedo arranhando suas costas por baixo da camisa, mas eu não o sentia ao meu corpo.
Comecei a ficar triste, comecei a chorar porque não sentia mais o cheiro da sua colônia, eu só sabia sentir aquele mau cheiro de sangue podre pelo ar. Ao me dar conta de que não estava mais na presença do meu bem e de que estavam todos que restavam da festa no meio do salão, mas concentrados de uma maneira que não me deixavam ver o que eles viam. Até que percebi a presença do homenzinho louro ao meu lado me pedindo para dar a mão à ele. Foi o que fiz, ele me acompanhou até uma grande escada que eu não havia percebido durante toda a festa, subimos a escada sem hesitar e foi quando percebi que tudo da minha vida havia ficado para trás.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Moldagem

A 'moldagem' da cabeça de cera parte inicialmente de uma conversa que tive com meu pai hoje. A gente não conversa muito, mas hoje a conversa surgiu de um sonho esquisito que tive mais cedo um pouco. Primeiramente vale ressaltar que a ideia desse blog é justamente essa, postar em forma de dissertação em primeira pessoa ou não os relatos dos sonhos que tenho. Meus sonhos são bem movimentados e foi uma indicação médica de escrevê-los para que assim eles possam sair e 'esvaziar' um pouco minha mente.
Acontece que quando eu não os escrevo eu os esqueço, e isso não é muito legal porque eles modestamente são muito legais :D
E voltando pro título do blog, tem esse nome - Cabeça de Cera - em homenagem à uma peça que meu pai fez quando adolescente inspirada no conto do autor João do Rio em O Homem da cabeça de papelão http://http://www.releituras.com/joaodorio_homem.asp, e nessa adaptação que meu pai fez ele renomeou como O homem da cabeça de cera, porque ele achou mais interessante o fato de se o homem tem a cabeça de cera, assim se ele 'esquentasse' demais ele acabaria derretendo! *-*
Com isso, tornou-se essência do meu novo blog até porque esquentarei muito a cabeça para transpor a 'realidade' dos meus sonhos em cada post.
Agora voltando no lance da conversa de hoje com o meu pai, eu contei o sonho pra ele e ele gostou bastante mesmo se sentindo incomodado pelo fato dos meus sonhos serem bem movimentados e isso poder me comprometer [porque andava muito dormindo quando criança e até hoje converso muito dormindo e moro num apê sem telinha no 13º andar! Oo]
Tenho no total de quatro contos escritos contando com o de hoje, mesmo tendo tido vários esses foram o que eu registrei, e o de hoje particularmente eu datei para que assim fique ainda mais registrado. Espero entreter meu caro leitor e lembrando que os contos não são periódicos e sim de acordo com a impressão e intensidade que tenho deles.
Até agora, obrigado pela atenção e moldagem na cera. :*